Introdução: A época, o Brasil, a Cidade do Rio de Janeiro, o Bairro de Bangu e o Bangu Atlético Clube.
Naquele início da segunda década do século XX , a novíssima República do Brasil, (hoje um modelo de fracasso), depois de dezessete anos governada por presidentes civis, voltava às mãos de um militar (Marechal Hermes da Fonseca – 8º Presidente da República), como foi lá no seu nascedouro, entre 1889 e 1894, com os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Seria a volta da “República da Espada”? Não foi*!
Naquele início da segunda década do século XX , a novíssima República do Brasil, (hoje um modelo de fracasso), depois de dezessete anos governada por presidentes civis, voltava às mãos de um militar (Marechal Hermes da Fonseca – 8º Presidente da República), como foi lá no seu nascedouro, entre 1889 e 1894, com os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Seria a volta da “República da Espada”? Não foi*!
Na Cidade do Rio de Janeiro, o
Marechal Hermes nomeou para a Prefeitura do Distrito Federal um general: Bento
Manuel Ribeiro Carneiro Monteiro (Bento Ribeiro), que assim se tornava o 16º
prefeito do DF e por quatro anos tentou, com pouco sucesso, sanear a Economia
da Cidade.
Palacete no Campo de Santana, onde funcionava a Prefeitura do Distrito Federal no início do século XX (já demolido). |
Em
Bangu, inaugurava-se a Igreja de São Sebastião e Santa Cecília e iniciava-se a
expansão da Fábrica Bangu, com a construção de um prédio anexo. Também foi
nessa época que o Ramal Circular da EFCB começou a ser construído pela Fábrica.
No Bangu a situação estava
calamitosa e não fosse a incansável luta do seu atual presidente, o inglês
Andrew Procter, o futebol do Bangu teria acabado. Ocorre naquele tempo, a BANGU
AC se subordinava a gestão do Casino, que não dava menor atenção aos esportes,
concentrando todos os investimentos para as atividades sociais. Felizmente para
nós, banguenses mais recentes, em 1911 o Bangu AC separou-se do Casino e no dia
1º de abril tomou posse a nova Diretoria Banguense, tendo a frente James Hartley
como presidente (Hugh Graham era o vice-presidente e Andrew Procter o secretário).
Iniciou-se aí uma nova fase no Clube e com isso o Bangu voltou ao Campeonato
Carioca; não na divisão principal, pois não conseguiu a vaga na seletiva, mas
na segunda divisão, da qual sagrou-se Campeão ao vencer o Guarani por WO, no
dia 13 de dezembro, recebendo pelo título a Taça Francis Walter (esse feito
seria repetido em 1914). Em 1912 o Bangu voltava à Primeira Divisão Carioca,
mas foi mal; terminou em 6º lugar, entre os oito clubes disputantes. Mas
manteve-se na Primeira Divisão para 1913, quando mais uma vez fracassou, sendo
rebaixado à Segunda Divisão para o Campeonato de 1914.
Quando no dia 30/6/1912, o
zagueiro (naquela época, beque) Luiz Antonio da Guia (Luiz Antonio: 27 de julho
de 1895 – 3 de novembro de 1969) estreava na equipe principal do Bangu, em uma
partida contra o Flamengo, pelo Campeonato Carioca da Primeira Divisão, sua mãe
estava na metade de uma gravidez e não sabia que em seu ventre já vivia aquele
que viria a ser o maior zagueiro do futebol brasileiro e o maior ídolo da
história do Bangu Atlético Clube. O irmão mais novo do craque Luiz Antonio nasceria
quatro meses e meio depois, no dia 19 de novembro de 1912. Luiz Antonio recebeu
da imprensa esportiva carioca o apelido de “o perfeito”; foi Campeão Carioca da
Segunda Divisão pelo Bangu, clube pelo qual atuou em 269 partidas, durante 19
anos e 3 meses, sendo esse o recorde brasileiro de permanência de um jogador no
mesmo e único clube. Sobre Luiz Antonio da Guia, Mário Filho, em seu
livro “O Negro no Futebol Brasileiro” (1947), escreveu: “Luiz
Antônio “era mais que um jogador. Era o Clube!”. O zagueiro banguense disputou
sua última partida pelo Alvirrubro no dia 27 de setembro de 1931, quando o
Bangu venceu o Carioca por 5 x 1.
Quando o mais velho dos da Guia
estreou no Bangu, já viviam os seus irmãos Ladislau Antonio da Guia, com recém
completados sete anos, e Mamede Antonio da Guia, com pouco mais de 1 ano. Ambos
viriam a jogar muitos anos pelo Bangu AC.
Ladislau Antonio da Guia (Ladislau:
27 de junho de1906 - 31 de outubro de 1988)
estreou no Bangu no dia 4 de junho de
1922, na vitória do Bangu por 2 x1, sobre o Andaraí. Ladislau, como o
irmão mais velho, também foi longevo no Bangu: Atuou em 328 partidas, durante
18 anos e meio (intervalado com certo período, quando jogou pelo Vasco e pelo
Flamengo), marcando 223 gols. Foi Campeão Carioca pelo Bangu em 1933 e duas
vezes artilheiro do Campeonato Carioca (1930 e 1935). Foi convocado para a
Seleção Brasileira mas teve que recusar a convocação pois a distância entre
Bangu e as Laranjeiras, com os meios de transporte da época não permitiriam que
ele treinasse pelo Bangu e pela Seleção. Decidiu-se pelo Bangu. O grande número
do gols que marcava pelo Bangu e a potência do seu chute,valeu-lhe o apelido de
“Tijoleiro”. O artilheiro banguense disputou sua última partida pelo Alvirrubro
no dia 22 de dezembro de 1940, quando o Bangu perdeu para o Botafogo por 2 x 4
Mamede Antonio da Guia (Médio: 19
de maio de1911 - 8 de janeiro de 1948) estreou
no Bangu no dia 18 de março de 1928, na
vitória do Bangu por 3 x1, sobre o Bonsucesso. Médio, jogou pelo Bangu
por aproximadamente 9 anos: Atuou em 226 partidas e durante esse período marcou
52 gols. Foi Campeão Carioca pelo Bangu em 1933, atuando com o seu irmão Luiz
Antonio. Médio disputou sua última partida pelo Alvirrubro no dia 25 de outubro
de 1943, quando o Bangu venceu o São Cristóvão por 3 x 1. O ex meio campista
banguense teve morte trágica, suicidando-se no interior do no Quartel da Polícia Especial, onde servia como
“guarda”, no dia 8 de janeiro de 1948.
“O
Bangu tem também sua história e sua glória, enchendo seus fãs de alegria. De lá
pra cá, surgiu Domingos da Guia”. Esses versos escritos por Lamartine Babo,
contidos no Hino do Bangu, imortalizaram o maior zagueiro (naquela
época, beque) do futebol brasileiro.
Domingos Antonio da Guia (Domingos
da Guia: 19 de novembro de1912 - 18 de maio de 2000)
estreou no Bangu no dia 28 de abril de
192829, na vitória do Bangu por 3 x1, sobre o Flamengo. Domingos da Guia,
jogou pelo Bangu por aproximadamente 5 anos: Atuou em 133 partidas e durante
esse período marcou 3 gols. Nunca foi expulso atuando pelo Alvirrubro, nem
tampouco campeão; deixou de ganhar o Campeonato Carioca de 1933, pois em 1932,
contrariando os pedidos dos irmãos, deixou o Bangu para ir jogar no Vasco.
Domingos Antonio da Guia, "O Divino Mestre". |
Além do Bangu, o “Divino Mestre”
atuou pelo Vasco da Gama (onde, na sua segunda passagem pelo clube, foi campeão
em 1934), pelo Nacional do Uruguai (onde foi campeão em 1933), pelo Boca
Juniors da Argentina (onde foi campeão em 1935), Flamengo (onde foi campeão em
1939, 1942 e 1943) e Corinthians (onde foi campeão da Taça Cidade de São Paulo
em 1947 e 1948), de onde retornou ao Alvirrubro, em 1948 (para assinar o
contrato com o Corinthians, em 1944, o craque fez uma exigência: o Clube
Mosqueteiro teria obrigatoriamente de lhe conceder o “passe livre”, caso ele optasse
em retornar ao Bangu; assim foi feito).
Domingos da Guia disputou a Copa
do Mundo de 1938, na França, pela Seleção Brasileira. Infelizmente foi
responsabilizado pela eliminação dos brasileiros, na derrota brasileira para a
Itália, pelas semifinais, por 2 x 1, no dia 16 de junho de 1938. Os críticos
acusaram Domingos ter cometido “infantilmente” o pênalti no atacante italiano
Silvio Piola (vice artilheiro da competição, com 5 gols), que foi convertido no
gol da vitória da Azurra.
Charge de Domingos da Guia na Seleção Brasileira. |
Domingos, pela Seleção Brasileira na Copa da França, em 1938. |
O “Divino Mestre” disputou sua última partida pelos profissionais do Alvirrubro, em uma partida festivo na cidade serrana de Petrópolis, que serviu como jogo de despedida do craque, no dia 5 de fevereiro de 1950 na inauguração do Estádio do Cruzeiro do Sul Futebol Clube, quando o Bangu venceu o Flamengo por 3 x 1, ganhando a Taça Euvaldo Lodi.
Domingos da Guia encerrando a carreira no seu retorno ao Bangu. |
O maior zagueiro do futebol
brasileiro de todos os tempos, ainda voltou a vestir a venerável camisa
alvirrubra em 1954, mas não como profissional. Foi Campeão Carioca de Veteranos (hoje Masters), atuando pelo Bangu AC.
Domingos da Guia faleceu no dia 18 de maio de 2000, no bairro do Méier, Zona
Norte da Cidade do Rio de Janeiro, vítima de um derrame cerebral.
Nas
comemorações do Centenário do Bangu Atlético Clube (17 de abril de 1904 – 17 de
abril de 2014) Domingos da Guia foi novamente imortalizado. Foi inaugurado no
Calçadão de Bangu um busto do “Divino Mestre), com 70 cm de altura e pesando 70 kg , sobre um pedestal de
granito. A partir desse evento, esse percurso da Av. Cônego de Vasconcelos
passou a se chamar Calçadão Domingos da Guia.
Estátua do "Divino Mestre" Domingos da Guia, em Bangu. (Obra de autoria do artista plástico e grande banguense, Clécio Régis) |
O Busto foi feito pelo artista plástico e grande banguense, Clécio Régis, que fez a doação da obra aos banguenses, arcando com todas as despesas para a execução do trabalho.
Completa-se o clã dos da Guia.
Em 1959, um jovem deixava a equipe de natação do Bangu AC, onde fora Campeão Juvenil em 1954, para praticar um novo esporte, o futebol. Das piscinas do Parque Aquático do Bangu, para o gramado do Estádio Proletário foi uma mudança que pouco se fez sentir no jovem de de 6 anos, que agora fazia parte da equipe juvenil do Clube.
Ademir da Guia (o N), com 13 anos, na equipe de natação do Bangu, Campeã Juvenil. |
Esse jovem era Ademir da Guia, filho do grande ídolo Banguense Domingos da Guia. Já no primeiro ano no futebol, em 1959, o jovem da guia conduzia a equipe do Bangu na conquista do Campeonato Carioca de Juvenis.
Ademir da Guia e seu pai, Domingos da Guia. "O Divino" e "O Divino Mestre". |
O Bangu AC, foi o Campeão Invicto e Ademir da Guia eleito o melhor jogador da Competição.
Ademir da Guia, "O Divino", Campeão pelo Bangu em Nova Iorque. |
Em 1961 o "passe" do jogador foi vendido ao Palmeiras pela bagatela de 4,5 milhões de cruzeiros (padrão monetário brasileiro da época). Ruim para o Alvirrubro, que perdeu um craque e ganhou pouco dinheiro, e bom para o Palmeiras, que com pouco investimento levou para o Parque Antártica um craque de futebol refinado, com apenas 19 anos e um futuro promissor.
Charge de Ademir da Guia no Palmeiras. |
Ademir da Guia estava no elenco da Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, mas não lhe foi dada oportunidade de jogar, pelo técnico Zagalo.
*Após findo o governo de Hermes da Fonseca, em 1914, houve continuidade na chamada "POLÍTICA DO CAFÉ-COM-LEITE", na qual políticos paulistas, do PRP (São Paulo o grande Produtor de café) e mineiros, do PRP (Minas Gerais grande produtor de leite) governaram o país, desde Campos Sales (1898), até a revolução de 1930, que derrubou o governo de Washington Luís e não permitiu a assunção do paulista Júlio Prestes. Findou-se assim a chamada "República Velha".
<TEXTO PRÓPRIO E INÉDITO>
Ademir da Guia na Seleção Brasileira, para disputa do 3º lugar contra a Polônia. (Copa do Mundo de 1974, na Alemanha) |
<TEXTO PRÓPRIO E INÉDITO>
Fontes:
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